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Qual o papel das nossas emoções na doença física?

A saúde deve sempre ser considerada de forma ampla e como reflexo de bem-estar bio-psico-social. Apesar disso, muitas vezes, caímos no erro de olhar para a saúde física sem esta perspectiva global, o que - inevitavelmente - coloca de parte a variável emocional essencial à compreensão de uma situação de doença.

Aquilo que acontece é que o nosso mundo emocional muitas vezes não tem espaço para se expressar ao nível psicológico, pois, é muito comum reprimirmos e controlarmos as nossas emoções. No entanto, é indiscutível que as nossas emoções têm de sair de dentro de nós e quando não lhes damos espaço para se expressarem através do psicológico, acabam por se expressar de forma física, seja através de tiques, por exemplo, seja através da doença, num fenómeno a que chamamos de somatização.

Isto é, por exemplo, um medo ou uma ansiedade à qual não prestamos atenção, pode acabar por ser expressa através de um distúrbio gastrointestinal. Ou, por sua vez, a raiva contida a longo prazo pode acabar por se expressar através de uma alergia dermatológica. Ou a tristeza e a preocupação, quando ignoradas, podem expressar-se através de tonturas ou dores de cabeça.

Tudo isto são exemplos de como o nosso corpo procura a saída da somatização, quando rejeitamos os sinais das nossas emoções.


Em suma, em termos práticos, é absolutamente imprescindível olhar para um sinal ou um sintoma (físico ou comportamental) como parte de um processo emocional, identificar a sua função expressiva e adaptativa e os factores que a desencadearam. Pois, regra geral, a manifestação física - quer de saúde, quer de doença - representa a parte visível que envolve corpo, pensamento, emoções e comportamentos.


Por tudo isto, é importante frisar que urge na atual compreensão das doenças físicas, uma integração da forma como os fatores emocionais e psicológicos podem desencadear o desequilíbrio funcional do organismo físico, devendo a saúde ser considerada de forma global e os cuidados de saúde alinharem o físico e o psicológico, para que uma intervenção possa ter sucesso a longo prazo. Sendo que, nunca nos podemos esquecer que as relações entre fatores psicológicos e doença física - seja ela de que índole for - assumem sempre um caminho bi-direccional, que exige uma resposta nos dois sentidos.


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